Grupo não planeja construir parques em novos países ou cidades, mas se concentrará no desenvolvimento de novos portos para os navios da Disney Cruise Line
Em agosto, quando Robert Iger, CEO da Disney, destacou a divisão de parques como “um importante motor de crescimento” em uma teleconferência relacionada a lucros, Wall Street franziu a testa.
Esta semana, a Disney ofereceu uma imagem mais clara da oportunidade que vê, que só pode ser descrita como colossal: a empresa divulgou em um documento de segurança que planejava gastar cerca de US$ 60 bilhões na próxima década para expandir seus parques nacionais e internacionais e dar continuidade à Disney Cruise Line.
Esse valor é o dobro do que a Disney gastou em parques e na linha de cruzeiros na última década, que foi um período de grande aumento de investimentos.
Na última década, a Disney inaugurou o Shanghai Disney Resort, mais do que dobrou a capacidade de suas linhas de cruzeiro e acrescentou atrações baseadas em propriedades intelectuais como “Guerra nas Estrelas”, “Guardiões da Galáxia”, “Tron”, Homem-Aranha”, “Avatar” e “Toy Story” em seus parques nacionais.
Também investiu dinheiro em seus parques de Paris e Hong Kong, com expansões temáticas ligadas a “Frozen” e outros filmes do grupo programados para serem inaugurados em breve.
Além disso, mais três transatlânticos estão a caminho, elevando sua frota para oito navios, e está prestes a concluir um novo porto em uma ilha das Bahamas – a Disney já tem um porto em uma ilha particular.
Com a notícia, as ações da Disney caíram 3% na terça-feira para cerca de US$ 82. Os analistas disseram que alguns investidores estavam preocupados com a capacidade da empresa de gerar fluxo de caixa livre em um momento em que seu negócio de televisão – tradicionalmente um grande gerador de caixa – foi prejudicado pelos serviços de streaming.
A Disney já tem um volume considerável de dívidas, em grande parte devido à pandemia. Para preservar o caixa, a empresa suspendeu seus dividendos semestrais aos acionistas em 2020, mas espera-se que retome o pagamento de dividendos ainda este ano.
O grupo está ampliando o investimento após uma série de problemas em quase todas as suas divisões. A televisão a cabo, incluindo a ESPN, tornou-se uma sombra do que era, resultado do corte de assinaturas, da fraqueza da publicidade e do aumento dos custos da programação esportiva.
Fiasco nas bilheterias
E mais: a Disney teve um período decepcionante nas bilheterias, com filmes como “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” e “A Mansão Assombrada” vendendo menos ingressos do que o previsto. O serviço de streaming da empresa, o Disney+, continua a perder dinheiro: Iger disse que será lucrativo até o outono de 2024, mas alguns investidores estão céticos.
Em contrapartida, os negócios de parques e cruzeiros têm sido um ponto positivo, sustentando, de muitas maneiras, toda a empresa. No trimestre mais recente, a Disney Parks, Experiences and Products gerou US$ 2,4 bilhões em lucro operacional, um aumento de 11% em relação ao ano anterior. Já a Disney Media and Entertainment Distribution teve um lucro operacional de US$ 1,1 bilhão, uma queda de 18%.
Os gastos por hóspede nos parques da Disney aumentaram 42% desde 2019, em parte devido aos preços mais altos de ingressos, alimentos, mercadorias e quartos de hotel.
Ainda assim, o aumento do investimento em parques temáticos traz um risco maior. É um negócio que sempre será sensível a fatores fora do controle da Disney: oscilações na economia, preços do gás, furacões, terremotos, tensão entre os Estados Unidos e a China.
Josh D’Amaro, presidente da Disney Parks, Experiences and Products, disse que as pessoas que se concentraram nesses riscos ignoraram a resistência dos fãs dos parques temáticos. Ele observou que os clientes voltaram em massa quando os parques da Disney reabriram durante a pandemia.
– Toda vez que houve um momento de crise ou preocupação, conseguimos nos recuperar mais rápido do que qualquer um esperava – acrescentou.
Atrações ainda a serem exploradas
D’Amaro não quis especificar como a empresa planejava gastar os US$ 60 bilhões. Mas deu dicas, observando que filmes da Disney como “Coco”, “Zootopia”, “Encanto” e outros ainda não foram incorporados aos parques da empresa de forma significativa.
– Imagine dar vida a Wakanda – disse ele, referindo-se ao reino fictício de “Pantera Negra”. – Em termos de trazer a mais recente propriedade intelectual da Disney-Marvel-Pixar para os parques, chegamos apenas superficialmente. E aprendemos que incorporar a propriedade intelectual da Disney aumenta significativamente o retorno sobre o investimento.