A missão não será fácil: no primeiro trimestre de 2023, a empresa teve um prejuízo de pouco mais de US$ 106 milhões, em um momento em que, apesar da euforia do público pelo filme “Barbie”, os resultados não deram as caras.
O g1 tentou contato com a Mattel, mas a empresa informou que não pode abrir seu faturamento ou expectativas de arrecadação com o filme e todos os licenciamentos porque está em período de silêncio — um intervalo em que empresas listadas em bolsas de valores não podem fornecer informações à imprensa por estarem próximas da divulgação de resultados trimestrais.
Quem compra o licenciamento também ganha
A estratégia de licenciar marcas funciona tão bem até hoje justamente porque não beneficia apenas a empresa que está licenciando, mas também aquelas que adquirem o licenciamento.
A C&A Brasil, por exemplo, renovou sua parceria com a Mattel especialmente para a época do filme. Mariana Moraes, diretora de marketing da varejista, conta que a companhia lançou uma coleção com 30 modelos diferentes e mais de 60 mil peças — femininas, masculinas, para adultos e infantis — inspiradas no universo do filme.
Parte dos itens já se esgotou e há demanda para reposições, segundo a executiva. A demanda, inclusive, vem de pessoas de todas as idades.
“Todos os assuntos ligados à indústria de entretenimento e que geram conexões emocionais com sua base de fãs têm uma aceitação e procura em nossas lojas. O que antes era visto como um assunto mais voltado para o público infantil, nos últimos anos passou a atender a todas as idades. Por isso nos unimos a Mattel”, explica Mariana.
Já a OPI, marca de produtos para unhas da Wella Company, desenvolveu uma coleção de esmaltes inspiradas no filme. Segundo sua diretora de marketing e educação, Ana Paula Fischer, a companhia já projeta que esse licenciamento gere um dos maiores faturamentos conquistados pela empresa com parcerias do tipo — se não for o maior.
“A colaboração entre duas marcas geralmente tem como objetivo aproveitar a sinergia e o reconhecimento de ambas para impulsionar as vendas. Essa parceria pode trazer benefícios significativos e ajudar a impulsionar o nosso desempenho financeiro”, pontua Ana Paula, que destaca que, com a coleção, a OPI tem o objetivo de alcançar novos públicos, surfando no sucesso do filme.
A euforia por Barbie foi tamanha que até empresas de setores que nada teriam a ver com o universo da boneca correram atrás de licenciamentos. A Biscoitê, por exemplo, desenvolveu um capuccino e biscoitos cor-de-rosa, além de embalagens colecionáveis, para fazer parte da experiência da “Barbie Dreamhouse” (ou “Casa da Barbie”, na tradução) no shopping JK Iguatemi, em São Paulo.
A priori, o projeto seria pontual apenas para o evento, mas, com a alta procura do público, a empresa decidiu expandir a produção e os locais de venda dos produtos licenciados.
“Não podemos divulgar faturamento e volume, mas são milhares de unidades que estão se esgotando rapidamente. Está um sucesso que nem o mais otimista poderia imaginar. Vendemos muito nos primeiros dias e alguns produtos e estampas já acabaram”, comenta Raul Matos, fundador e presidente da empresa de biscoitos.
Esse também foi o caso da empresa de tintas Coral, que fez uma colaboração com a Mattel e selecionou uma cartela com cores inspiradas na Barbie.
Juliana Zaponi, gerente de comunicação de marketing e cor para tintas decorativas da AkzoNobel (que é a fabricante da Coral), conta que a parceria já começou a ter impactos positivos e a empresa já percebe um aumento de até 10 vezes nas vendas das tintas da cartela com a Mattel.
Ela explica que as cores, que são bastante pigmentadas e coloridas, não são o carro-chefe da Coral, já que é mais comum que os clientes busquem, principalmente, tons de branco e cinza para pintar suas casas.
No entanto, a colaboração com a Mattel faz parte dos primeiros passos que a Coral dá em buscar de atingir novas metas e novos públicos. Juliana destaca que a marca quer ser vista como diversa e colorida e que a empresa procura, com essa transformação na visão dos clientes, continuar valorizada no longo prazo – por isso, a escolha pela Barbie.
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Fonte: G1 Globo