Barbie ‘fake’: ativistas lançam campanha falsa sobre versão ecológica da boneca e enganam publicações nos EUA

Grupo mandou comunicados fraudulentos como se fossem da Mattel e até vídeos de uma suposta campanha promocional da fabricante. Um deles era estrelado pela atriz Daryl Hanna

Um grupo pró-meio ambiente que se autodenomina Barbie Liberation Organization fez uma campanha falsa segundo a qual todos os brinquedos da fabricante americana Mattel, incluindo a icônica boneca Barbie, não seriam mais feitos com plástico até 2030. Segundo um dos falsos comunicados enviados na terça-feira à imprensa, a Mattel iniciaria a produção de uma nova linha de bonecas “EcoWarrior”, que utilizaria material orgânico de fácil decomposição, como cogumelos, algas e argila.

Textos falsos direcionados à imprensa e anúncios promovendo a campanha fraudulenta foram enviados para uma série de veículos de notícias como se tivessem como remetente a gigante dos brinquedos Mattel. A partir dos press releases distribuídos pelo grupo, a notícia falsa chegou a ser publicada nos sites de Washington Times, MarketWatch e da revista People.

O grupo admitiu a farsa dizendo que queria capitalizar a onda que cercou o sucesso de bilheteria do filme “Barbie”, lançado no mês passado, para chamar a atenção para o uso de plástico nos brinquedos. Em um dos anúncios distribuídos pelos ativistas como se fossem da Mattel, a atriz e ativista ambiental Daryl Hannah (estrela de filmes como “Splash, uma sereia em minha vida” e “Blade Runner”) passeia por uma praia pitoresca, onde retira da areia uma boneca deteriorada e diz:

— Barbie e eu temos quase a mesma idade, só que ela nunca morrerá — diz a atriz, afirmando que mais de um bilhão de bonecas de plástico estão abandonadas em aterros sanitários e cursos d’água no planeta.

Outro anúncio em vídeo mostra bonecas Barbie caracterizadas como ativistas ambientais como Greta Thunberg e a própria Daryl Hannah, usando alicates de corte para invadir uma instalação da petroleira Shell.

Em um e-mail enviado aos veículos, a Mattel descreveu a campanha como uma “farsa” que “não tem nada a ver” com a fabricante de brinquedos. A empresa acrescentou que os ativistas também criaram sites falsos que pareciam pertencer à Mattel. “Eram sites clonados, não eram sites reais da Mattel”, informou a empresa.

No entanto, alguns veículos de comunicação, incluindo a revista People, The Washington Times e MarketWatch, caíram na farsa, publicando artigos sobre as novas bonecas a partir das informações falsas dos ambientalistas. A fraude levantou questões éticas sobre espalhar desinformação em nome do ativismo, especialmente porque a confiança dos americanos na mídia está em um nível muito baixo.

Na tarde de terça-feira, os sites dos veículos enganados já haviam removido os artigos. O The Washington Times emitiu uma nota do editor reconhecendo seu erro.

‘Aguardamos investigação’, diz jornal enganado

“O Washington Times confirmou com a Mattel que o artigo sobre as novas bonecas Barbie publicado aqui foi baseado em uma elaborada farsa de mídia envolvendo endereços de e-mail falsos, um comunicado de imprensa falso, imagens adulteradas, citações fictícias e um vídeo do YouTube que parece mostrar a atriz Daryl Hannah anunciando a nova linha de produtos. Removemos a matéria de nosso site enquanto aguardamos uma investigação mais aprofundada sobre as origens da farsa”, diz a nota do jornal americano.

Procurados pelo New York Times, nenhum dos outros meios de comunicação comentou o caso.

Entre os vídeos falsos da campanha, há um que mostra as bonecas e as crianças que brincam com elas jogando sopa de tomate em quadros de Van Gogh e coquetéis Molotov no presidente Vladimir Putin da Rússia, ao som de um jingle sobre “sabotagem criminosa corporativa”.

‘Sátira’, alegam ambientalistas

Os responsáveis pela campanha descreveram suas ações como uma “sátira”, e não como desinformação, observando que sempre planejaram informar ao público que a Mattel não estava por trás do anúncio.

“Na verdade, esse é o tipo de ação que se opõe à desinformação”, disse Mike Bonanno, um dos ativistas, por telefone. “Estamos lutando contra meio século de desinformação da indústria de plásticos e das empresas de combustíveis fósseis e interesses que estão tentando convencer as pessoas de que a reciclagem é uma solução viável para o problema do lixo plástico”, acrescentou.

O grupo ambientalista criticou o papel da Mattel no aumento da poluição no planeta com o uso de plástico em suas bonecas e outros brinquedos. É a segunda campanha do grupo contra a Mattel. Em 1993, comprou versões com voz de Barbies e bonecos G.I. Joe (fabricados pela Hasbro) e trocou as caixas de voz dos dois bonecos antes de recolocá-los nas prateleiras das lojas. Os bonecos passaram a repetir frases sobre ativismo de gênero e pacifista.

Daryl Hannah justificou sua participação dizendo que, embora a maior parte da campanha fosse falsa, um elemento era real. Cerca de uma década atrás, a atriz disse que encontrou uma Barbie no mar enquanto mergulhava na costa de Fiji. Ela contou que viu as perninhas da boneca saindo de um coral:

— Ela (a boneca) iria ficar lá para sempre.

Fabricante tem metas para reduzir uso do plástico

A Mattel diz que planeja reduzir o uso de plástico, mas está longe de eliminar completamente o material de suas bonecas. No ano passado, a gigante dos brinquedos anunciou que planejava reduzir as embalagens plásticas em 25% em cada produto até 2030.

Além disso, tem a meta de usar “100% de materiais plásticos reciclados, recicláveis ou de base biológica” em seus produtos e embalagens até a mesma data.

“O plástico é fabricado com combustíveis fósseis e compreende cerca de 6% do consumo global de petróleo”, de acordo com o Portal do Clima do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. A maior parte dos resíduos plásticos, mesmo que seja destinada à reciclagem, acaba em aterros sanitários ou é incinerada, o que contribui para a mudança climática.

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Fonte: Extra Globo

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