Como criar novos “Homens Aranhas” nos cinemas brasileiros?

Representantes de empresas do setor falam sobre a importância de iniciativas que façam o público sair de casa e impulsionem as bilheterias

O filme Homem Aranha – Sem Volta para Casa, que estreou nos cinemas nacionais em 16 de dezembro de 2021 – ainda quando as pessoas estavam se habituando a retomada das atividades e em meio às novas ondas de variantes da pandemia de Covid-19 –, conseguiu vender mais de 17 milhões de ingressos, o que o levou para o segundo lugar da lista das maiores bilheterias da história do cinema no País.

Esses dados foram divulgados em um painel do Rio2C nesta sexta-feira, 14, que reuniu representantes de produtoras, exibidoras e distribuidoras para falar sobre os desafios de ampliar o público das salas de cinema no Brasil em um contexto ainda de pós-pandemia e quando muita gente já pensa várias vezes se vale a pena sair de casa quando se tem filmes e muitas opções de entretenimento nas plataformas on demand.

O longa-metragem de sucesso da Marvel foi citado diversas vezes como exemplo máximo de sucesso de público e de como o cinema ainda tem lugar como atividade de entretenimento. Ao mesmo tempo, também foi analisado que as redes de distribuição não podem ficar dependentes de fenômenos de super-heróis e dos mega blockbusters para sobreviverem. Da mesma forma, os participantes exaltaram como o cinema nacional merece ser mais valorizado nesse cenário para que tenha potencial – e capacidade – de fazer as pessoas saírem de casa, tal como aconteceu com sucessos como Minha Mãe É Uma Peça e Se eu Fosse Você.

Camila Pacheco, diretora executiva de marketing da Sony Pictures no Brasil, comentou que o Homem Aranha – Sem Volta para Casa conseguiu, apenas no primeiro fim de semana, levar mais de 4,5 milhões de pessoas às salas de cinema do Brasil. Para esse feito, além do forte apelo da temática do universo dos heróis, o filme contou com um grande trabalho de divulgação, com ampla campanha de marketing e ações que tinham a ideia de atrair os fãs, pontuou a executiva.

“Sempre procuramos o próximo filme brasileiro que vai fazer a diferença no mercado, com uma grande bilheteria. Mas nosso trabalho é fugir de algoritmos e tentar entregar ao público aquilo que ele ainda nem sabe que quer. Acredito que temos que passar um bom tempo fazendo filmes que não darão tão bons resultados, mas que acostumarão o público a ver produções nacionais com temáticas diferentes”, declarou Iafa Britz, produtora da Migdal Filmes.

Ela enfatizou a necessidade de ações em conjunto da indústria para ampliar o espaço do cinema nacional, seja por meio de políticas de distribuição ou por outras alternativas. “Só teremos bons resultados em 2024, 2025, se agora tivermos comprometimento e pensarmos em uma gestão de estrutura conjunta”, declarou.

Os dados do cinema brasileiro

Em âmbito global, o mercado de cinema brasileiro melhorou um pouco no ano passado. Em 2022, o País passou a ser o 11º maior mercado do mundo em termos de bilheterias de cinema (em 2021, o Brasil estava no 14º lugar).

De acordo com dados da Comscore apresentados no painel, em 2022 o Brasil praticamente dobrou o valor arrecadado com bilheterias em comparação com 2021, indo de R$ 914 milhões para R$ 1,8 bilhão no ano seguinte. É preciso considerar, contudo, que esse movimento é, de certa forma, resultado da retomada de um setor que sofreu grandes impactos em todo o período da pandemia de Covid-19.

Melhorar esses números passa por tratar as salas de cinema como uma plataforma de experiências, em que o conteúdo é, claro, o item de maior atratividade, mas parte de um conjunto de elementos que leve as pessoas a saírem de casa, como destacaram todos os participantes do painel.

E a qualificação dessas experiências passa por uma etapa que começa na venda dos ingressos, como pontuou Paulo Samia, CEO do UOL. No ano passado, a empresa de conteúdo adquiriu a Ingresso.com, entrando, portanto, no setor de comercialização de entradas de cinema. Para Samia, a experiência do espectador tem de ser fluida e os meios digitais podem ter papel importante nessa missão.

Ele conta que o UOL vem procurando participar desse processo de apoio ao cinema por meio da comunicação, dando mais visibilidade aos filmes em cartaz em sua home, por exemplo. Os assinantes do portal também são isentos das taxas de conveniência na Ingresso.com. “Também estudamos novas soluções que poderiam ser adotadas para ajudar a impulsionar a indústria, como a adoção de preço dinâmico e opções que possam resolver o problema da baixa demanda em determinados dias e horários”, exemplificou.

Leia mais: https://www.meioemensagem.com.br/rio2c/como-criar-novos-homens-aranhas-nos-cinemas-brasileiros/

Fonte: Meio & Mensagem

 

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