Daniel Rezende, diretor dos filmes da Turma da Mônica, autora Rosane Svartman e Cecilia Mendonça, da Disney, comentaram a importância de criar conteúdo de qualidade para os pequenos
As crianças e pré-adolescentes de hoje estão habituados a consumir dezenas de vídeos curtos por dia, com temas, ritmos e assuntos bem diferentes. O smartphone, certamente, é seu companheiro desde os primeiros anos de vida. Ainda assim, foi um mundo bem diferente desse, permeado por tecnologias, que o diretor Daniel Rezende escolheu quando criou o universo de Laços, o primeiro filme live-action da Turma da Mônica.
Em vez de mostrar Mônica, Cebolinha e companhia fazendo vídeos para o TikTok, o diretor decidiu focar na essência das relações entre os personagens e na história que eles tinham a mostrar. “Neste filme, pensei muito em como são as crianças de hoje mas, ao mesmo tempo, não queria adaptar 100% dos personagens ao universo da atualidade”, contou Rezende, em um painel durante o Rio2C, realizado na semana passada, em São Paulo.
Essa dualidade em tentar agradar às gerações anteriores, que conheceram a Turma da Mônica dos gibis, e também de atrair a nova geração ultra conectada é um exemplo do quão desafiadora é a produção de conteúdo infanto-juvenil no País.
A importância de cativar a audiência que, no futuro, serão os responsáveis por fazer girar a indústria do audiovisual foi tema de um debate que, além de Daniel Rezende, contou com participação de Rosane Svartman, autora de novelas da Globo, e que tem no currículo diversas obras destinadas ao público infanto-juvenil, e de Cecilia Mendonça, vice-presidente e chefe de produção da divisão Kids and Family da Walt Disney Company Latin America.
Infantil ou familiar?
Com a missão de produzir conteúdo para crianças há 100 anos, a Disney vem procurando, já há tempos, olhar seu público-alvo de forma diferente. Segundo Cecilia, o conteúdo que a gigante multinacional produz não é algo infantil e sim familiar. “É difícil classificar um conteúdo como infantil ou adulto porque todos acabam vendo produções direcionadas a diferentes públicos. Hoje, apostamos no conteúdo familiar, pois queremos que os adultos também se conectem”, contou a executiva.
Conseguir sucesso nessa missão, contudo, não é algo fácil. A executiva da Disney disse como é difícil captar a atenção das crianças. Segundo ela, os pequenos não passam cinco minutos diante de uma tela se não gostarem muito do assunto. E atualmente, com a competição gerada por internet, redes sociais e YouTube, ter essa atenção é algo ainda mais difícil. “Pensamos sempre em como adaptar nossa estratégia a esses meios. Não produziremos conteúdo exclusivo Disney para o TikTok, mas nossa presença ali tem que conversar com nossa estratégia”, pontuou.
Conectados e multiplataforma
No ano passado, a autora e diretora Rosane Svartman abraçou a missão de levar para os cinemas a história Pluft, o Fantasminha, um clássico do teatro. A experiência com esse e com outros trabalhos fez com que Rosane destacasse ainda mais a importância do fomento para o audiovisual infanto-juvenil.
Ela contou um exemplo do Festival de Cinema de Gramado, em que participou da edição do ano passado, e que teve uma sessão especial com crianças de escolas locais, que haviam sido convidadas para assistir ao filme. “Perguntei ali quem estava indo ao cinema pela primeira vez e a maioria da sala, quase todos, disseram que aquela era a primeira vez que eles tinham ido ao cinema. É muito importante que se criem novos mecanismos para fomentar o cinema infantil para que esse público seja formado”, enfatizou.
Daniel Rezende concordou com a afirmação e destacou a importância do público mais novo ter contato com histórias nacionais. “Vamos, em breve, lançar o filme do Chico Bento, teremos a série Franjinha e Milena e temos várias outras produções sendo realizadas. É preciso que as crianças cresçam e digam que o cinema nacional é bom e bem feito”, concluiu.
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Fonte: Meio & Mensagem