Documentário sobre o quadrinho clássico do artista argentino ganha espaço na Disney+ e permite mergulhar no universo lúdico e encantador do genial criador de quadrinhos. Série é pura emoção.
A menina mais encantadora dos anos 60 ganha vida e é tema de um documentário emocionante que estreou na última semana na plataforma Disney+. Uma justa homenagem a um artista sensível e provocador. Sua criação é comparada a obras de artistas da estatura dos Beatles e Picasso. E isso não é exagero. Criador e criatura estão na série “Voltando a ler Mafalda”, dirigida por Lorena Muñoz, que trata do universo mágico de Mafalda, a querida personagem criada pelo argentino Quino em 1962 como personagem de uma propaganda de eletrodomésticos.
A série traz surpresas, destrói mitos e faz perguntas desconcertante como só a curiosa menina de 6 anos conhecida no mundo todo era capaz de indagar. É impossível não chorar e sorrir com esta obra que se confia à nobre e emocionante tarefa de rever o trabalho mais popular de Quino. “É uma obra-prima, uma história em quadrinhos cinética. Ele conhecia tão bem as regras que conseguiu quebrar tudo”, diz Lorena Muñoz.
O título da produção é bastante indicativo das intenções da diretora. “É voltar aos quadrinhos, mas de um ponto de vista diferente. De onde foi concebida, seu germe, como foi construída, de onde surgiram os personagens”, comenta. Há questionamentos e revelações sobre determinada tiras e releituras de quadrinistas e personalidades argentinas e estrangeiras.
Na telinha desfilam Manu Ginóbili, o colombiano Andrés Parra, Julieta Zylberberg, o espanhol Santiago Segura, Gabriela Sabatini, a cantora Cecília Roth, e muita gente apaixonada pelas tiras de Mafalda, que questionava o mundo e a todos. A contribuição mais surpreendente, porém, está na opinião e na exploração gráfica de colegas como os artistas gráficos Rep, Tute, Maitena, Liniers ou o chileno Montt. É um prazer vê-los replicar as falas do ilustrador nascido em Mendoza e explorar a morfologia dos personagens.
Mafalda é um vislumbre do artista gráfico que foi elogiado por Umberto Eco, honrado com a Ordem Oficial da Legião de Honra em França e o Prémio Príncipe das Astúrias da Espanha. A mesma pessoa que em público era um monumento à timidez, à reflexão e à travessura, como lembra o editor Daniel Divinsky. Mafalda questionou tudo, da energia nuclear à superpopulação, do capitalismo à ditadura, com bondade e uma inteligência afiada típica de uma personalidade infantil.
O documentário nasceu há pouco mais de cinco anos e teve a aprovação do próprio Quino, falecido em 2020. “Surpreendeu a mim estar com a família, os sobrinhos dele, entre eles aquele que atuou como inspiração para Guille. Eles me trouxeram material de arquivo e contaram coisas muito pessoais. O amor que ele tinha pela esposa é incrível, o que diz muito sobre ele, muito além do Quino que a gente imagina”, explica a diretora. •
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Fonte: Focus Brasil