A representatividade racial é uma realidade nos filmes e séries. Não à toa, personagens e super-herois negros agora atraem multidões às salas de cinema, além de marcar presença no streaming.
Como resultado disso, a inspiração para cosplays — o ato de se fantasiar de algum personagem — também se torna maior, ampliando o alcance eventos e atrações direcionadas para esse público.
A convite da organização do Sana, o maior evento geek do nordeste, a reportagem do Giz Brasil viajou a Fortaleza (CE) para conferir como anda esse segmento. Confira.
Uma sala só de heróis negros
Tentando aumentar a representatividade negra, o educador social e produtor cultural Jefferson Ferreira, de 27 anos, levou para o SANA a sala Black Heroes, local exclusivamente direcionado aos super-herois e personagens negros.
Frequentador do evento desde 2012, ele costumava, até 2020, ir apenas para curtir as atrações, como a maioria do público. Em 2022, porém, Ferreira fez cosplay de dois heróis: Super-Choque e do Pantera Negra. “Quando vesti esses personagens, eu vi que muita gente vinha tirar foto e todos tinham a minha cor”, relembra. Com isso, percebeu um grande público interessado nesses super-heróis, mesmo sem nenhuma atração focada nisso.
Jefferson então procurou Daniel Alexandre Braga, Diretor Cultural do Sana. “Eu lembro que estava quase no final do evento, ele passou e perguntei: ‘Ei amigo, boa noite! O que é que tu acha de fazer uma sala de representatividade preta com super-heróis negros aqui no Sana? Porque tem tudo aqui e acho massa, já tem a sala de representatividade drag, tem a galera do K-pop, estão contratando MCs que cantam rap de anime… Então ter uma sala de representatividade preta vai ser algo pioneiro no norte e nordeste’”, relembra.
O diretor aceitou de imediato a proposta. Assim começou a missão de transformar a sala Black Heroes em realidade. “Falei com vários amigos para saber o que eles achavam da ideia, e até saber se tinham como me ajudar com as palestras e workshops, além de alguns adereços para expor”, explica o criador.
A sala tem três diferentes painéis, com imagens ao fundo de diversos personagens e super-heróis negros de sucesso entre crianças, jovens e adultos. Além disso, gibis antigos e raros estão expostos, como “Pantera Negra”, “Blade”, “Falcão”, “Tempestade”, além de cenas de adaptações transmitidas em duas televisões.
Alguns bonecos como do Homem-Aranha, de Miles Morales, e o Pantera Negra também estão lá. Além disso, displays do Super-Choque e a Tempestade ficaram à disposição do público para fazer fotos.
A Black Heroes também contou com palestras e debates sobre os personagens negros nos animes, as séries pretas no Universo Geek, além das inspirações históricas por trás dos personagens negros e um bate-papo com cosplayers.
“Foi uma força, uma união que eu tive com meus parceiros”, explica Jefferson sobre os itens que compõem a sala. Já os cosplayers são todos do nordeste e se conheceram no próprio Sana. “Minha intenção é dar visão para quem tá ofuscado. Esses artistas são importantes tanto para o cenário geek quanto para o cenário nordestino”, completa.
Entre as palestrantes estava Vitória Matias, de 23 anos, professora de português e literatura, que traz a interdisciplinaridade às suas aulas usando animes, séries e filmes. Além dela, Danielle Alícia, de 25 anos, também marcou presença. Ela é ilustradora e artesã, mas também estuda sistemas e mídias digitais na Universidade Federal do Ceará (UFC), e levou algumas de suas obras inspiradas nos super-heróis negros.
“Eu acho que a literatura muda vidas, muda a sua perspectiva, muda o seu jeito de pensar, o seu comportamento. Quando você lê, você se torna até mais empático, porque você consegue se colocar naquela situação, né?”, explica Vitória.
“Uma das coisas que achei mais legal, por ser primeira sala Black Heroes em 20 anos de Sana, é as crianças entrando, apontando para os personagens e pedindo para tirar foto. É representatividade tocando no coração do povo”, completa Danielle.
A Black Heroes se tornou a primeira atração dentro do nordeste focada em personagens negros. “A nossa região também carece disso, aqui também tem gente preta, aqui também tem gente periférica. Casou de eu ser o pioneiro nisso, mas quero que outros estados também copiem a ideia, porque é como eu falei, é da gente para a gente”, finaliza Jefferson.
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Fonte: Uol